segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Conservação dos répteis brasileiros: os desafios para um país megadiverso (Resumo do artigo)

*Este post é baseado no artigo de Miguel T. Rodrigues
Departamento de zoologia, instituto de biociências, Universidade de São Paulo.

                                         Taxonomia e Conservação

   O Brasil tem a fauna e flora mais ricas de toda a América Central e do Sul, mas a maioria das informações sobre répteis é ainda preliminar.
    A Amazônia abriga a maioria dos lagartos e anfisbenídeos (109 espécies). O Cerrado e a Mata Atlântica tem 70 e 67 espécies registradas, respectivamente. Os números são menores na Caatinga (45 espécies) e áreas de transição como o Pantanal do Mato Grosso e os campos rupestres (cada um com 12 espécies). Se incluirmos os enclaves de floresta úmida na Caatinga (os brejos nordestinos do Brasil), o número de espécies sobe para 73, comparável ao do Cerrado e da Mata Atlântica. A Amazônia possui também a maior diversidade de cobras (138 espécies), seguida pela Mata Atlântica (com 134), o Cerrado (117) e a Caatinga (45). A Caatinga permanece em último lugar mesmo incluindo os brejos nordestinos (o número sobe para 78).

                                                                                            (Lagarto Ameiva-ameiva)
    Embora tais números dêem uma idéia das diferenças faunísticas entre esses principais biomas, eles não são diretamente comparáveis porque alguns grupos complexos tendem a ser mais prevalentes em um ou outro ecossistema, e alguns receberam revisões taxonômicas modernas e completas (se não exaustivas). Uma revisão do gênero Tropidurus, por exemplo, aumentou a diversidade de espécies típicas de áreas abertas (Rodrigues, 1987; Frost et al., 2001). O mesmo ocorrerá quando outros gêneros, como Cnemidophorus, forem revisados, aumentando ainda mais o número de espécies e de endemismos(grupos taxonómicos que se desenvolveram numa região restrita.) nas formações abertas. Da mesma forma, as diferenças nas extensões em que cada região e bioma foi inventariado são ainda grandes o bastante para influenciar os números.
                                    
                                                              (Lagarto do gênero Cnemidophorus)
  Exceto possivelmente pelos Crocodylia, o número de espécies de répteis brasileiros é ainda subestimado, devido a inventários insuficientes e ao pequeno número de taxonomistas. Inventários em novas áreas, freqüentemente, revelam novas espécies. Além das taxonomias precariamente definidas dos grupos mais complexos, numerosas novas espécies estão nos laboratórios aguardando descrição. Em termos de conhecimento da diversidade biológica do Brasil, ainda estamos na fase exploratória e nenhum grupo deve ser considerado como tendo pouca importância biológica sem exaustivos inventários e pesquisas de campo.  Quase todos os répteis brasileiros conhecidos ocorrem, provavelmente, em uma ou mais unidades de conservação, mas a mera manutenção de uma única população é obviamente insuficiente para proteger a variabilidade genética dos componentes populacionais das espécies. Para aperfeiçoar a representação, precisamos de um melhor entendimento de suas distribuições – pesquisas de campo estratégicas e bases de dados eletrônicas das coleções de museus são indispensáveis.

                                                 Principais Ameaças

   A destruição do habitat é a ameaça principal. Com a destruição total dos habitats haverá a perda de muitas espécies.
   Ameaça importante também é a do ser humano que, por antipatia e medo, mata cobras e anfisbenas quando as encontram, além de caçar jacarés e tartarugas por suas carnes, ovos e pele. Um melhor monitoramento da situação dos jacarés e tartarugas vem surtindo efeito sobre o número de espécies caçadas.
   A destruição dos rios é outra ameaça de grande risco. Ela pode ser causada por erosão, assoreamento e poluição das águas, que modificam margens de rios, praias e nichos térmicos. Pelo fato da diferenciação sexual de jacarés e tartarugas ser determinada pela temperatura de incubação, mudanças térmicas podem resultar em desvio sexual.
   Represas hidrelétricas são aparentemente ameaças localizadas, somente no trecho onde é construido as represas. A modificação dos rios e a expulsão das espécies dos rios podem afetar a longo prazo florestas próximas, alterando todo um ecossistema.
   A mineiração, por alterar também rios, é outra das principais ameaças. Promove a alteração da qualidade da água e do balanço hidrico, além de destruir e degradar a integridade fisica de córregos e rios.
   Agroquímicos são perigosos em áreas de agricultura, onde se desconhece os efeitos a longo prazo. Em casos assim o ideal é monitorar as populações de répteis.


                                               Espécies ameçadas

   Segundo o Ibama em 2003, somente 20 espécies de répteis estão na lista de espécies ameçadas de extinção no Brasil, apesar da ampla destruição da vegetação e paisagens naturais.
   A Jibóia, a Jararaca-de-Alcatraz e a Jararaca Ilhoa estão criticamente em perigo assim como o Lagarto tropidurideo e a tartaruga-de-couro.






                          (jibóia)                                                                                 (Tartaruga-de-couro)
   As principais ameaças para essas espécies é que    elas são muito raras e se distribuem em ambientes muito restritos. No caso das tartarugas, elas estão em risco por serem extremamente predada pelo ser humano (valor comercial) e por serem vulneráveis à redes de pesca, etc.
   Alguns estados do sul e sudeste do Brasil,onde ocorrem a maioria das espécies ameaçadas, tem decretado leis estaduais para sua proteção, e em 2001, o Ibama estabeleceu o Centro de Conservação e Manejo de Répteis e Anfíbios com a missão de pesquisar  e conservar os anfibios e répteis ameaçados de extinção e comercialmente importantes.

                                                        Discussão

   Com isso sabemos que áreas protegidas são a melhor maneira de conservação dos répteis do Brasil, apesar delas estarem sujeitas a outras ameaças como incendios, etc. Dependendo de varios fatores como tamanho e localização é inevitável a extinção de algumas espécies.

   É necessário definir e integrar os objetivos da conservação a curto, médio e longo prazos para assegurar que, ao longo do tempo, pelo menos algumas das áreas protegidas existentes possam ser mais que somente laboratórios.

   Portanto, entender os padrões de diversidade, monitorar a variabilidade genética das populações nessas áreas e comparar as populações com aquelas isoladas em tempos diferentes no passado seriam contribuições inestimáveis à conservação no Brasil.

4 comentários:

  1. Adoro esse grupo de animais....
    parabéns pelas ricas informações.

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  2. Diante de uma fauna tão extensa de répteis e anfíbios, ricos em diversidade e informação, resta a nós, tentarmos paralisar o processo contínuo de extinção em massa dessas espécies.
    Parabéns pelo blog, as fotos estão muito bonitas.

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  3. Esse blog está otimo, as informaçoes sao extremamente proveitosas para quem quiser entender um pouco do assunto. Grande abraço para todos.

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  4. O trabalho ficou muito interessante, com informações bastante legais e curiosas. Parabéns

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